quarta-feira, 1 de abril de 2009

Dica da semana


Premissas fundamentais da gestão estratégica


A palavra resultados é um leitmotiv dos mais importantes desde sempre no trabalho de Peter Drucker, senão desde 1964, quando publicou “Managing for results”. Ainda nos dias de hoje é freqüente as empresas e outras organizações, sejam elas do setor privado ou sem fins lucrativos, esquecerem que, se existe um objetivo para o qual elas existem, ele chama-se “Obter resultados”.

- Que resultados?

Primariamente, os resultados pretendidos nas empresas são econômicos, palpáveis, traduzíveis em liquidez; mas, no caso das organizações do terceiro setor, eles são materialmente imponderáveis, são qualitativos, não quantitativos. Por exemplo, uma universidade tem resultados sob a forma de pesquisa e produção de conhecimento, de formação e capacitação de pessoas e, até, na melhoria das condições culturais e materiais das comunidades envolventes. Uma ONG social ou ambiental é suposta trazer resultados, de alguma forma, nas condições de vida de pessoas ou na recuperação da sustentabilidade do meio ambiente. E assim por diante. Isso não impede que as empresas não possam ou até devam ter resultados qualitativos. Ou que uma instituição do terceiro setor não tenha uma estratégia para atingir seus objetivos qualitativos, já que ela não apresenta lucros no sentido econômico. Bem pelo contrário.

Na verdade, a realidade mostra que, quanto mais resultados qualitativos uma empresa é capaz de gerar, traduzidos em benefício e utilidade social e satisfação e motivação de seus colaboradores, maior é sua capacidade de gerar, também, resultados quantitativos. Funcionários motivados e com um elevado nível de bem estar e de desenvolvimento pessoal são mais propensos a terem um elevado desempenho, sentido de responsabilidade e outras características apreciadas pelos empregadores.

A razão para esse fenômeno é puramente sistêmica: um benefício gerado numa parte (subsistema) do sistema social gera benefícios em todo o sistema e, no efeito de retorno (retroação, feedback), o subsistema que gerou o benefício é beneficiado com o efeito multiplicador do conjunto. Atualmente, esse efeito está traduzido no que se chama de governança, responsabilidade social, responsabilidade socioambiental, etc.

Por exemplo, um investimento do tipo “blitz”, que chega de repente ao mercado, contrata colaboradores, explora uma idéia comercial durante um ano e depois fecha ou declara falência, sem pagar aos fornecedores e os últimos salários e outros benefícios aos trabalhadores, pode gerar resultados quantitativos em larga escala… mas seu futuro está condenado. Na realidade, empresários desse tipo deveriam ser condenados e impossibilitados de reentrar no mundo dos negócios, porque eles praticam uma forma de terrorismo econômico; eles são mais predadores do que investidores, na medida em que deixam profundas marcas nas comunidades onde atuam e em todo o sistema econômico, com débito das relações de confiança na reciprocidade entre os respectivos atores.

Deste modo, todo o complexo estratégico que os decisores de uma organização têm como responsabilidade deve estar focado em resultados. Os esquemas abaixo mostram, de uma forma muito esquemática e simplificada, porém, essencial, as premissas fundamentais do jogo estratégico.



Necessidade de resultados -->
Visão estratégica -->
Pensamento estratégico + Percepção estratégica -->
Planejamento estratégico -->
Operacionalização da estratégia com / sem realização de projetos
--> Obtenção de resultados


Adaptado de SILVA et al, 2003



Bibliografia:

SILVA, A. D. V. da, FERREIRA, M. V. A. da S., FREITAS, P., NAHAS, M. Relatório técnico "Gestão estratégica e modelo de gestão Unisul 2003-2005". Tubarão: Unisul, Reitoria, 2003.

DRUCKER, P. F. Managing for Results: Economic tasks and risk-taking decisions. New York: Harper & Row, 1964.

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