quinta-feira, 30 de julho de 2009

Revisitando: Estratégia e Pessoas

O envelhecimento da gestão numa organização e a consequente e progressiva perda da capacidade de pensar e agir estrategicamente, dá-se à medida que a preferência pela inserção de técnicas e métodos aumenta, em detrimento de uma cultura organizacional pró-ativa, inovadora, flexível e impregnada de DNA estratégico.

No ser humano, um organismo muito jovem pode ter até 80% de água, ao passo que, num idoso, essa percentagem vai reduzindo-se até chegar a 50% da matéria total. Do mesmo modo, pode dizer-se que a gestão estratégica tônica, jovem, saudável, tem algo como 80% de cultura organizacional e apenas 20% de técnica e metodologia - não confundir com tecnologia.

Numa organização saudável, o pensamento estratégico deve estar no DNA da organização, ou antes, dentro de cada ator institucional, mas em primeiríssimo lugar nos decisores e demais gestores. Isto, porque empresas e outras instituições são feitas apenas por pessoas: tudo o mais é recurso material. Por esse motivo, estratégia e pessoas é melhor do que estratégia e modelos de gestão estratégica. Pensamento estratégico e pessoas, funciona; modelos estratégicos (ou de planejamento estratégico) e pessoas nem sempre funciona.

E por quê? Porque apenas pessoas são capazes de analisar, pensar, ponderar e mudar uma dada realidade. Estratégia implica sempre mudança. Modelos não pensam, nem refletem uma realidade específica: eles são genéricos e são resultados de processos mentais pré-estruturados a partir de formulações e testes realizados em organizações diferentes da sua, em lugares diferentes do seu, e em um tempo anterior ao seu. Sua realidade como gestor, coordenador, decisor, empresário, etc., é o hoje, é o aqui e o agora, numa organização com uma identidade diferente de qualquer outra, e com um cenário externo também distinto de outro caso qualquer.

Então, para fazer algo parecido com gestão estratégica, precisa pensar estrategicamente e precisa fazer todo o time pensar estrategicamente em todos os quadrantes da organização; impregnar todos desse DNA, essa cultura, como se quiser chamar; e esquecer aquela velha máxima da Revolução Industrial: “Empregado não é pago para pensar”.


Se em 2009 você ainda pensa que cada empregado da sua organização não precisa pensar, não vai conseguir fazer gestão de verdade nos dias de hoje com um mínimo de sucesso; ou seja, obter resultados. Gestão estratégica importa, porque resultados importam. Pessoas importam, afinal.

- Adaptado de Estratégia e Pessoas em O estado da ARS (26-05-2009)

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